sábado, 12 de junho de 2010

A velha porta de madeira

sábado, 12 de junho de 2010



Já se fazia penumbra o anoitecer havia chegado e você havia partido para sempre.
A fixa não havia caido até aquele momento, bem ainda não caiu pra ser franca, lembro de cada detalhe como se houvesse acabado de aconetcer.
O telefone toca, todos saem correndo pro hospital, não levei muito à sério afinal você sempre estava por lá mesmo, se passam uma ou duas horas o telefone toca minha irmã gêmea cai chorando eu já sabia mesmo assim esperei ela se acalmar pra ouvir uma mentira talvez.
- Carla o vô morreu ! (olhos mareados e rosto vermelho e uma expressão que nunca esquecerei na vida).
Sentei no sofá, aliás cai no sofá gritei e chorei sem cessar uma lágrima sequer, tiveram que me acudir dar um copo de água com açucar que não adianta pra nada diga-se de passagem. Minha mãe ligou mandou eu ir para casa da minha tida filha do meu vô que é do lado da minha casa, todos chegam chorando uns tentam desfarçar tentando ser forte para não desesperar mais os outros, e eu nunca consegui ser forte todos perguntam se estou bem respondo que sim apenas com a cabeça choro baixinho sentada na escada com vergonha e sem saber o por que dessa vergonha.
Chega minha priminha de 4 anos de idade vai para o centro da sala e diz com a sabedoria que só uma criança pode ter: - O vôzinho agora ta com o papai do céu né mãe?Ele nunca mais vai acordar.
Não aguentei, dei um grito que mais pareceu um soluço cai da escada e chorei acho que perdi os sentidos por uns segundos e voltei e todos haviam me pegado e colocado no sofá mais daquela maldita águas com açucar, então não era mais uma daquelas piadas sem graça meu vô meu segundo pai nunca mais ia acordar.
Nem preciso dizer como foi o enterro apenas soluços, palavras de amigos e um abraço, muitas lágrimas e uma última despedida.
Se passou uma semana a rotina voltava ao normal, eu passei pela porta da casa dele olhei como ele estivesse na porta sorrindo pra mim como ele fazia todos os dias fechei os olhos e ouvi sua vez dizendo: - Gatica vem almoçar aqui com o vô ( agora as lágrimas caem dos meus olhos cada palavras uma lembrança), me concentrei ao maximo e senti sua mão no meu ombro, abri os olhos não havia nada além da velha porta de madeira. Continuei olhando como se tivesse um telão passando nós dois, minha irmã chega coloca a mão no meu ombro e e fala: - vai ser difícil agora né, ficou um vazio .



Quase um ano depois ainda choro( e faço o mesmo agora) apenas de lembrar.
E estou com medo pois já não consigo ver seu rosto tão nitidamente na minha mente, já não ouço sua voz com clareza, já não estou de luto.

Cuida de mim vô onde quer que você esteja me protege e minha família, eu sinto tanto sua falta te amei e amo tanto que as vezes dói.

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